Friday, January 25, 2008

Um mal intemporal

A televisão estreou mais uma telenovela, “Os sete pecados”.
Não vou falar dela, já que só vi o anuncio, mas o titulo trouxe-me á ideia de um pecado que grassa desde sempre e, que é o nosso pecado oculto – a inveja.

A inveja veio desde sempre, nasceu com a descendência do primeiro casal.
A inveja originou um tipo de julgamento no Estado de Atenas o “ostrakimós”o qual deu origem á nossa palavra ostracismo, em que quando um cidadão se destacava por um poder extraordinário, e para que a sua ambição não extrapolasse, era banido por um período de dez anos. Esse julgamento era escrito em casca de ostra a razão do termo
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A inveja, ultrapassou civilizações e está sempre presente. Todos os dias ouvimos pelas media o pedido da “cabeça” de um ministro, de um treinador de futebol ou de um administrador de certa empresa, entre outros detentores de decisão. Normalmente, e com excepções, o visado quis mudar o sistema, ou fazer um trabalho de fundo, que poderia dar ou não bons resultados, mas logo no grupo de trabalho a inveja aparece
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A inveja, manifesta-se por não se ter tido a ideia, por não se ter a capacidade de efectuar o trabalho, ou da projecção que do mesmo possa advir Raramente nos consciencializamos dos motivos que nos leva á inveja.

Miguel Torga, escreveu no seu Diário, volume XIV, 1987:

“ È escusado. Em nenhuma área de comportamento social, conseguimos encontrar um denominador comum que nos torne a convivência harmoniosa. Procedemos em todos os planos da vida colectiva, como fidagais adversários. Guerreamo-nos na política, na literatura, no comércio e na indústria. Onde estão dois portugueses estão dois concorrentes hostis à Presidência da Republica, à chefia do Partido, à gerência dum Banco, ao comando da corporação dos bombeiros. Não somos capazes de reconhecer no vizinho, o talento que nos falta, as virtudes de que carecemos. Diante do sucesso alheio ficamos transtornados, e, vingamo-nos na sátira, na mordacidade e na maledicência.”

José Gil, no se livro “Portugal hoje-o medo de existir” escreve a certo ponto:

“ A inveja, enquanto sentimento, tende imediatamente a agir sobre o invejado. Não é por acaso que as «invejas», pertencem ao vocabulário da Bruxaria.”

Infelizmente, a inveja não está circunscrita só a esse vocabulário, ela coexiste connosco no nosso dia-a-dia.

Zuemir Ventura, no seu livro “Inveja – mal secreto”, escreve:

“Quase todas as histórias de inveja, demonstram que dificilmente ela age sozinha, está sempre em má companhia. Pertence a uma família incestuosa, em que ás vezes não se sabe quem é a filha e quem é a irmã, sabemos apenas que todos são parentes. A inveja lembra o ciúme, mas também a cobiça, e com os dois se confunde. È mesquinha como a avareza, e mantém com o ódio relações tão estreitas que há quem diga que uma não existe sem a outra.”
Não foi por inveja que houve o primeiro homicídio que a Bíblia relata?

A inveja destrói a nossa sociedade e ela grassa até dentro das nossas famílias, realidade que é tão intrínseca no nosso ser, que já o apóstolo Paulo exortava “alegrai-vos com os que se alegram, e chorai com os que choram” Rom.12:15

Olhemos para nós mesmos e assim olhando para os outros façamos o nosso contributo, para que no núcleo em que vivemos, pelo menos, ela não campeie e sejamos mais felizes.




Bibliografia:
Diário – Miguel Torga
A Inveja – Mal secreto Zuemir Ventura – Editora Palavra
Portugal Hoje – O medo de existir José Gil – Editora Relógio D’Água
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Nelson Lino
Janeiro 2008

1 comment:

joao lino said...

Parabéns Pai. Bem documentado e claro. Invejo-te na tua lucidez redactorial.