Friday, September 28, 2007

In Memorium

Aquilino Ribeiro (1885-1963)

Nestes últimos dias face á transladação dos restos mortais de Aquilino Ribeiro para o Panteão Nacional, muito se tem escrito da importância da sua obra como escritor e mestre da ficção contemporânea e como cidadão.

Não tenho a legitimidade de fazer qualquer análise á sua obra, mas gostaria de realçar numa singela homenagem ao escritor o seu sentir perante a criação, na descrição da. Natureza. Para tanto releio a “Casa Grande de Ramarigães”, e esse sentimento que numa magia de palavras catapulta para a minha mente logo o primeiro capitulo.

E, aí , elementos tão simples, como o vento, um pinhão, o calcanhar de um homem que caminha no seu destino, um gaio, uma bolota, um monte de folhas secas e a Terra, numa descrição impressionante escreve “ do pinhão, que um pé de vento arrancou ao dormitório da pinha - mãe, e da bolota, que a ave deixou cair no solo, repetido o acto mil vezes, gerou-se a floresta”.

Com um encanto e simplicidade o escritor dá-nos a provisão de Deus com a Sua Natureza, e acrescenta mais adiante “ no seu solo abrigado e gordo, nasceram as ervas, cuja semente bóia nos céus ou espera à tez dos poisios a vez de germinar. De permeio desabrocharam cardos, que são a flor da amargura, e a abrótea, a diabelha, o esfondilio, flores humildes, por isso troféus de vitória. Vieram os lobos, os javalis, os zagais com os gados, a infinita criação rusticana, faltava o senhor…”

Nesta sequência viva de imagens tão comuns lembramo-nos a obra do Criador, preparando um lugar para o Homem, e depois dando-lhe a responsabilidade de guardar e o cultivar.

Setembro 2007

1 comment:

Portucale said...

Bem vindo ao mundo da blogosfera! Eu não tenho tempo para escrever, mas ando a passsear pelos outros blogs... Bjs